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janeiro 30, 2012

Olá!
Neste fim de de semana estava eu lendo o jornal mogimiriano O Popular, que inclusive pra quem não sabe eu faço parte quinzenalmente com a minha coluna chamada "Encontro de Ideias". Pois bem, mas eu não estou aqui pra falar da minha coluna, estou aqui pra falar de um texto maravilhoso escrito pela querida Vanda Vedovatto, grande jornalista, responsável pelo caderno cultural "Multi Plus" e que ainda possui uma coluna bem interessante chamada "Caro Leitor" a qual sempre gosto de dar uma lida, e neste fim de semana ela escreveu um texto sobre acessibilidade que me deixou bastante impressionada e que faço questão de dividir com vocês, vale muito a pena ler!


Os problemas dos outros
Vanda Vedovatto

Na sétima série, uma professora nos propôs que, naquele dia, ao deixarmos a escola, fizéssemos o trajeto até nossas casas, imaginando que não sabíamos ler. Deveríamos pensar que placas de trânsito, letreiros do comércio e destinos de ônibus nos eram indecifráveis. Este exercício foi uma introdução para a aula seguinte, quando nos foi explicado sobre deficiências físicas, dificuldade de locomoção e a importância de respeitar aqueles que hoje são chamados de portadores de necessidades especiais.
Mas, aos 12 anos não se tem maturidade suficiente para entender as dificuldades dos outros, porque se acredita ser o centro do universo. E a vida segue seu ciclo natural.
Assim, aos 20 anos, a principal preocupação é a carreira profissional que se começa a desenhar. Próximo aos 30 anos, pensa-se em constituir família e buscar o início de uma independência financeira. Aos 40 é a estabilidade econômica que ocupa os pensamentos. E somente lá pelos 50 é que se começa a lembrar da possibilidade de aposentadoria. E só aos 60 é que se vai pensar em envelhecer mesmo.
Não sei se é um sinal de envelhecimento precoce, mas eu pulei duas dessas etapas. Talvez eu esteja me tornando sensível demais. Mas o fato é que com 41 anos tenho pensado muito em coisas que antes não me incomodavam. É natural que sejamos todos um pouco egoístas e evitemos olhar em volta e assim nos sensibilizar com situações tão banais. É o caso da dificuldade de se locomover pela cidade.
Dias atrás, lembrei-me daquela aula lá na sétima série, e caminhei por algumas ruas imaginando desta vez que eu utilizasse uma cadeira de rodas ou um par de muletas ou já estivesse com quase o dobro da idade que tenho. Amigos, é assustador perceber que sem a ajuda de outra pessoa dificilmente se conseguiria transpor as armadilhas que as ruas e calçadas escondem.
Há falhas no calçamento, buracos, trechos em obras onde calçadas inexistem, desníveis, pisos irregulares, escadas, guias rebaixadas inadequadamente e os veículos, cujos motoristas estão sempre com pressa demais, desatentos demais e, claro, insensíveis aos pedestres, esses seres quase invisíveis.
Frisa-se tanto a importância da tal inclusão social de deficientes e idosos, mas na verdade se esquece de algo tão básico, o direito de ir e vir, que vai ficando cada vez mais penoso, para quem possui um problema físico ou está em uma idade avançada. O fato é que os problemas dos outros só nos tocam realmente quando também chega a nossa vez de encará-los.
Tentar se colocar no lugar das outras pessoas é um exercício que todos nós deveríamos fazer vez ou outra para entendê-las, respeitá-las e também fazer eco às suas vozes, para que as queixas cheguem com mais intensidade até quem pode dar-lhes solução. Eu recomendo. Boa semana a todos.



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