Somos cerca de 45 milhões ou 24% da população
brasileira segundo o IBGE, ainda assim, ser pessoa com deficiência no Brasil
não é algo simples e, talvez tão grande quanto as barreiras arquitetônicas,
sejam as barreiras atitudinais que enfrentamos diariamente, barreiras essas que,
sem dúvidas, são conseqüência de uma repressão histórica, que nos limitou por
muito tempo de exercer direitos civis.
Foram anos de luta contra o conceito de
“capacitismo” impregnado na sociedade que colocava pessoas com deficiência como
sinônimo de pessoas menos humanas, não aptas, sem autonomia, assexuadas e
condenadas a uma vida economicamente dependente, sendo que, em nosso país, a deficiência só passou a ser objeto de
políticas públicas por volta da década de 80, e para isso, foi necessário um
grande impulso de movimentos sociais. Antes o que tínhamos eram apenas políticas e ações de proteção e cuidado às pessoas com
deficiência baseadas no assistencialismo, nas práticas caritativas e as vezes até
no enclausuramento.
Avançamos sim, mas, olhando para o atual
cenário, sabemos que estamos bem distantes do ideal quando vemos um governo que
incentiva muito mais o fomento e criação de escolas especiais do que na
adaptação e formação de escolas comuns que possam atender o público de pessoas
com deficiência; quando muitas empresas ainda tentam driblar a Lei de Cotas buscando
a deficiência “mais leve” em seu processo de seleção ou quando desconsideram o
currículo profissional do candidato em relação à vaga ofertada; quando concessionárias
de transporte público adaptam apenas parte de sua frota para receber pessoas
com deficiência; quando a indústria da moda ainda se nega a colocar pessoas com
deficiência como modelos... E através de tantas outras situações corriqueiras
que aqui eu poderia citar.
Se de um lado as leis por aqui avançaram e
inclusive, recentemente, em 2015, após muito
esforço, lutas e discussões fomos finalmente contemplados com um
estatuto, também conhecido como Lei Brasileira de Inclusão, com força de norma
constitucional, de outro o que vemos é uma sociedade e um governo omissos no
que se refere às atitudes para que ocorra o verdadeiro processo de inclusão.