Deficiência não é carência

dezembro 09, 2011

Olá Galerinha.

Hoje eu resolvi vir tratar de um assunto que atormenta muitos cadeirantes e outros portadores de necessidades especiais. É que na nossa condição, as vezes é comum acabarmos por receber maiores cuidados, e não acho isso ruim, afinal nós precisamos sim de cuidados específicos, precisamos de adaptações como rampas, etc, mas isso não quer dizer que as outras pessoas também não precisem, afinal pra se viver em harmonia numa sociedade todos devem receber assistência conforme suas necessidades (Era pra ser) .

O que acontece é que tem muita gente que acaba se confundindo um pouco com isso e termina por enxergar um portador de necessidade especial como alguém de um nível inferior e estes são vistos como carentes e não é sobre carência de acessibilidade, até mesmo porque neste ponto, eu assumo que somos carentes, o problema está quando as pessoas acabam por colocar o deficiente como um "pobrezinho", uma pessoa incapaz de realizar suas atividades diárias normalmente. Estas mesmas pessoas acabam desenvolvendo um sentimento de pena: "coitadinha, tão bonita e assim" é uma das frases que já ouvi milhares de vezes. E acho que o que me incomoda não é a frase em si, mas o fato de ainda existirem pessoas tão atrasadas. 

É claro que o fato de os deficientes serem vistos como carentes financeiros, por exemplo, tem a ver sim   com a realidade, afinal é alarmante o número de portadores de deficiência em péssimas condições financeiras, seria hipocrisia demais falar que deficiência não gera altos gastos, uma pessoa que sofreu uma lesão medular, por exemplo, necessitará de uma cadeira de rodas confortável, bons tratamentos médicos incluindo muitas sessões de fisioterapia, sem contar com os equipamentos para reabilitação, adaptação e medicamentos, afinal sabemos muito bem que o nosso SUS não dá conta de tudo isso, eu falo com total certeza vi isso de perto, são filas e mais filas pra receber qualquer tipo de equipamento ortopédico, é só dar uma passadinha no setor de órteses e próteses na Unicamp que vocês poderão comprovar o que estou falando, é uma causa seríssima sim, mas não podemos generalizar e achar que todo deficiente vive pedindo esmola.

Não queremos ser vistos como coitadinhos, indefesos e vítimas da vida, já passou da hora das pessoas acordarem, chega de olhar o "carinha" deficiente que trabalha num escritório como um "ajudado pela empresa". "Nossa que pessoas legais estão dando oportunidade para aquele coitado", não é assim que as coisas devem ser, o que deve ser analisado é o potencial de cada um, e acho que a princípio a lei de cotas de portadores de necessidades especiais nas empresas foi criada com este intuito, ninguém está fazendo favor, afinal inclusão não é caridade, é direito! 


Espero que aos poucos essa história mude e como eu sempre digo, não deve existir melhor remédio do que a naturalidade, e a mídia pode ajudar muito nisto, é claro que sempre a primeira novela ou primeira propaganda com um deficiente será impactante, mas a ideia é que as pessoas se acostumem e de repente Puff! Já não vai ser novidade pra ninguém, otimismo demais? Pode até ser, mas só por enquanto.

Até a próxima!

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2 comentários

  1. Dayane, que fantástico você ter gostado do zombeteiro.com. Dei uma olhada nos seus textos e gostei muito. Acho que seu blog tem condições de crescer muito e ter muitos leitores, principalmente por causa do tema. Sou um jornalista que trabalho com assessoria de comunicação na área de transportes e ainda outro dia, fizemos dois dias de seminários sobre assessibilidade no transporte pública, fator deficiente demais em todo lugar do Brasil. Vou tomar a liberdade de colocá-lo entre os meus parceiros. Vamos trocando figurinhas. Adoro receber críticas e sugestões de pautas. O Saci com uma perna só já apronta demais, imagina ele com duas, ou ainda se ele tivesse acesso a uma protese avançada?
    Abração.

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  2. Olá, Zombeteiro (chamarei assim mesmo viu!)
    Claro, adoro novas parcerias, gente interessante..., vamos nos unir!
    Agradeço o apoio.
    Abraço!

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